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Filosofia - 07 de dez

Movimentar o pensamento

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Por Luís Mauro Sá Martino

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Uma imagem comum costuma associar filosofia a livros complicados, palavras difíceis e termos complexos, que às vezes demandam anos de estudo para sua compreensão. Essa noção não está errada, mas existem outras possibilidades. Quando o que chamamos de “filosofia” começou a se delinear na Grécia antiga, há cerca de 2500 anos, a ideia era um pouco diferente: filosofia não é algo que se sabe, é algo que se vive.

Em suas origens, a filosofia estava ligada a uma abordagem prática da realidade: o conhecimento não era visto como algo descolado do cotidiano, ao contrário. Sua principal finalidade era justamente ensinar a viver. A filosofia era entendida, ao menos em parte, como a reflexão voltada a encontrar a sabedoria para uma boa vida – começando, aliás, pela pergunta sobre o que é uma vida boa.

Não por acaso, nos diálogos de Platão, Sócrates conversa com as pessoas de seu tempo em busca de conhecimentos que o ajudassem a viver melhor sua vida – o conhecimento como algo vivo, não dado: a argumentação de Sócrates se movia na abertura das perguntas feitas.

Isso não significava, nem naquela época, nem agora, que a filosofia possa se reduzir a ideias prescritas ou aplicadas a qualquer situação. Poucas coisas estariam mais distantes da filosofia do que um tipo de atividade mecânica e indiferente: ao contrário, ela se caracteriza pelo movimento do pensamento, pelas inquietações que se transformam em perguntas e, com sorte, respostas (ao que parece, fazer perguntas é mais importante do que encontrar respostas).

Por que as coisas são como são? Quem disse que é, ou deveria ser, assim? Como pode melhorar? Isso pode remeter à perguntas feitas na infância, e não é coincidência: como lembra Aristóteles na primeira frase de sua “Metafísica”, diz que todos os seres humanos naturalmente desejam saber. Prova disso, argumenta, é a alegria de olhar para descobrir coisas novas. Às vezes, na vida adulta, perdemos um pouco da espontaneidade da pergunta na acomodação do cotidiano.

Um dos principais caminhos para movimentar o pensamento é perguntar, procurando criar um estranhamento em relação ao mundo no qual se vive. Esse exercício pode ser realizado todos os dias, e não estaria muito distante do que Sócrates propunha como método. Daí o percurso filosófico cotidiano como uma estratégia para boa vida: no lugar da repetição mecânica, um pensamento que questiona e se posiciona contra a realidade – para, a partir desse embate, talvez entender alguma coisa.

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Luís Mauro Sá Martino

Doutor em Ciências Sociais pela PUC-SP, foi pesquisador-bolsista na Universidade de East Anglia, na Inglaterra. É professor da Faculdade Cásper Líbero, e atua também em cursos de especialização online da PUC-RS, SEPAC, Digicorp-USP e da Casa do Saber, além de ser palestrante em empresas, escolas e universidades. Publicou, entre outros, os livros Sem tempo para nada: como tudo ficou acelerado, porque estamos tão cansados e as alternativas realistas para mudar (Vozes, 2022), Teoria da Comunicação (Vozes, 2009), Teoria das Mídias Digitais (Vozes, 2014) e Ética, Mídia e Comunicação (Summus, 2018), este último com a profa. Angela Marques. É também autor de The Mediatization of Religion, pela editora britânica Routledge, e cerca de cento e sessenta artigos em revistas científicas do Brasil e do exterior.

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